O caso está a chocar o país. Lara, de sete anos, foi assassinada na madrugada de terça-feira, 14 de março, pelo próprio avô, com quem a menina vivia. O homem terá quase degolado a criança, antes de ter infligido alguns ferimentos, sem muita gravidade, nele próprio, no pescoço e nos pulsos. O homem está internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, mas não corre risco de vida.
Quando a mãe da menina, Joana, chegou a casa, a criança já estaria sem vida. As equipas de socorro confirmaram o óbito. “’Não cheguei a tempo de salvar a minha filha’, ouvi a Joana a gritar isso desesperada nas escadas do prédio”, disse um vizinho desta família.
Aliás, os vizinhos estão completamente chocados com este crime, que não conseguiam imaginar. Dizem apenas que eles pareciam dar-se muito bem e que a menina passeava de mão dada com o avô, diariamente, e que lhe chamava pai. Que tinham uma relação muito bonita.
A CMTV revelou que o homem deixou dois bilhetes a explicar o crime. O homem justificou a morte da neta, porque a filha pensava em ir viver com uma tia – cunhada deste homem – com a menina. E que ele não conseguia viver sem Lara. O homem revelou ainda que ficou sem a pensão da Segurança Social e que, por essa razão, não podia ajudar a filha e a neta com as despesas. Ainda segundo os vizinhos, o idoso andava ainda mais calado do que o habitual, nos últimos dias.
A comentadora Joana Amaral Dias esteve na CNN Portugal e colocou em dúvida a possibilidade de se ter tratado de um surto psicótico, uma vez que é raro que isso aconteça pela primeira vez perto dos 70 anos, a idade do suspeito homicida. “Algumas formas de demência podem acarretar algumas descompensações psicóticas, mas não me parece muito provável”, disse a psicóloga.
Por outro lado, Joana Amaral Dias falou noutras possibilidades que as autoridades terão de explorar, nomeadamente uma “depressão maligna”. Ou seja, quando a pessoa está tão deprimida que vê o mundo muito “hostil” e que pensam em “colocar fim à vida” e que veem nas crianças uma extensão e que não querem que continuem neste mundo. Na mente da pessoa, trata-se de “um homicídio altruísta”. Outro cenário é que, apesar dos vizinhos retratarem uma família perfeita, o mesmo poderia não acontecer e poderia realmente tratar-se de uma família problemática. “Uma coisa é certa: existe uma perturbação mental, psiquiátrica, grave neste avô. Nenhum avô cometeria este crime, sendo o cuidador desta criança. E isto é que é de ressaltar”, disse a comentadora, independentemente se foram ou não dados sinais, concluiu Joana Amaral Dias, que acredita que a investigação terá ainda um longo trabalho pela frente.